A maioria da população brasileira é negra, como confirmam os dados do IBGE e, mesmo assim, o racismo continua sendo extremamente presente no dia a dia. Se queremos um futuro melhor para nossos filhos e eles são o próprio futuro, precisamos ensiná-los a não repetirem atos e falas preconceituosas

As crianças aprendem por exemplo e os pais são os principais modelos sobre como elas acreditam que devem agir. O primeiro passo para criar um filho livre de racismo é que você aja de tal forma também. Simplesmente indicar e dizer o que não deve ser feito não é suficiente. 

Se a criança presenciar você tendo alguma atitude preconceituosa, ela repetirá o que viu, independente das suas falas anteriores. É hora de agir! Quando você demonstra ser uma pessoa consciente de seus privilégios, tolerante, com empatia e contra qualquer discriminação, seu filho fará o mesmo. 

O racismo faz parte de nosso cotidiano e muitas vezes o reproduzimos em comentários supostamente insignificantes. Mesmo sem a intenção, acabamos usando expressões ou tendo atitudes racistas. Por isso, prestar atenção nesse tipo de detalhe faz muita diferença. Outro fator que não deve ser deixado de lado é a questão da representatividade

Identificação é fundamental. Quando uma criança assiste filmes, novelas, desenhos e só enxerga personagens brancos, ela acredita que esse é o reflexo do mundo. Sabemos que isso não é verdade e promover a diversidade dentro de casa é importante. Por exemplo, comprar uma boneca de pele negra ou incentivar a leitura de histórias de protagonismo negro. Além de conversas sobre o assunto, como contar sobre escravidão e explicar que é algo que não pode jamais se repetir. 

Na consciência das crianças, é normal que as pessoas sejam diferentes e a cor de pele não significa que alguém é mais ou menos importante. Reforçar esse pensamento é a função dos pais, além de orientar o filho quando alguma cena racista for presenciada. A escola também deve incentivar a comunicação e integrar os alunos. 

Para conseguir realmente criar filhos antirracistas e conscientes de privilégios, é preciso ser o exemplo e assumir que somos, sim, preconceituosos. Quando percebemos isso, começamos a compreender até os pequenos atos que fazemos de errado e como melhorar, e assim, as crianças seguem esse modelo. 


Por Giulia Freitas, filha de Eliane e Paulo

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