A inclusão social é o ato de oferecer oportunidade iguais de acesso de bens e serviços a todos, pensando nisso a estudante de Design de Moda Júlia Nycolack fundou a Tico&Tica, uma marca de roupas que atende às necessidades das crianças com autismo. O projeto resultou do Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) que ela realizou quando ainda estudava da Universidade Positivo (UP). 

Júlia sempre demonstrou interesse em trabalhar com moda infantil e ela se inspirou em seu filho Arthur Nycolack para o projeto de TCC, o menino de 2 anos, que foi diagnosticado com Transtorno de Espectro Autista e Transtorno de Processamento Sensorial, algo comum entre os autistas e que exige uma adaptação para a vida cotidiana. Ela explica que "“Fiquei afastada da faculdade por um ano e acabei mergulhando no mundo dele. O sistema tátil dos autistas tem muita alteração e, convivendo nas clínicas com ele e outras crianças, percebi uma necessidade”.

(Foto: Reprodução/@ellenthaysphotograpghy)O Transtorno de Processamento Sensorial é um distúrbio que altera a forma como o cérebro recebe, integra e prepara as informações, algumas texturas de tecidos causam intolerância e irritabilidade na criança. Júlia conta que o projeto explora pincipalmente o sistema tátil, responsável pelo toque e muito ligado ao mundo da moda. Ela completa: "Quando entendi o TPS, tive a ideia de criar o projeto. A alta prevalência do diagnóstico de TEA, de um para cada 54 pessoas - o que representa mais de dois milhões de autistas apenas no Brasil e, desses, pelo menos 78% possuem TPS - me incentivou a pesquisar mais. É assustador que esse nicho ainda não seja atendido pelo mercado”. 

(Foto: Reprodução/@ellenthaysphotograpghy)A coleção de roupas dela apresenta características que outras empresas não exploram, por exemplo, os tops apresentam um buraco maior e isso impede que o tecido tenha contato com a cabeça da criança, uma das regiões mais delicadas e que eles mais sentam incômodo. Isso porque, segunda uma pesquisa feita por ela para o trabalho mostrou que 90% dos autistas têm volume cerebral maior do que a média das crianças entre dois e quatro anos de idade e 37% dessas crianças apresentam macrocefalia.

Outras características das roupas é que elas possuem uma maior versatilidade e conforto, além de uma estética para estimular o uso delas. Ela também não tem etiquetas interna ou externa e as estampas não são possíveis de sentir pelo tecido. Os tecidos também foram pensados para serem usados de acordo com as épocas do ano, sendo eles frios, quentes e macios. "Não se espera que todas as crianças aceitem as peças, elas foram projetadas para abranger os graus de limitação e, consequentemente, sua aceitação”, concluiu. 

(Foto: Reprodução/@ellenthaysphotograpghy)A ideia dela é confeccionar roupas para outros públicos também e lançar a Tico&Tica no mercado da moda infantil. Por aqui, adoramos a ideia e achamos ela super importante, porque é feita e pensada para crianças autistas e são lindas para que eles sintam vontade de usar.

Por Isabel Martins, filha de Heloisa e José Augusto 

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