Faz tempo que muita gente vê na tecnologia um fator determinante na hora de escolher uma escola para matricular os filhos. E é claro que ter equipamentos de ponta disponíveis não é ruim (quem não gostaria de estudar biologia em uma sala de cinema 3D?), mas eles, por si só, não significam educação de qualidade.
Delegar o papel de professor aos computadores pode ser perigoso. Processos de ensino padronizados, sem levar em conta as especificidades de cada aluno, e muitas vezes carentes de aprofundamento são alguns dos problemas que podem surgir dessa equação.
Quem está de olho no maior polo de inovação do mundo, o Vale do Silício, percebe que os filhos de altos executivos de empresas como Google, Facebook, Apple, Samsung, Sony e tantas outras, estudam em escolas bem diferentes dos meios de trabalho tecnológicos dos seus pais.
Este artigo publicado no The New York Times afirma que boa parte dos filhos de funcionários do Google estuda em escolas Waldorf, onde atividades como tricô e jardinagem são comuns e o ensino de frações matemáticas ainda é feito cortando alimentos como maçãs, pizzas e barras de chocolate.
Mercedes Mateo, especialista em educação do Banco Interamericano de Desenvolvimento, analisa nesta publicação que um dos motivos para esse comportamento paradoxal pode ser a noção de que atividades essencialmente humanas como a criatividade, o pensamento crítico e a empatia serão, cada vez mais, o diferencial no mercado de trabalho do futuro.
É importante fazer bom uso das ferramentas tecnológicas disponíveis e é muito bacana quando as escolas têm condições de construir e manter laboratórios, mas as qualidades e as características essencialmente humanas não podem ficar de fora - elas são fundamentais para uma vida feliz e cheia de realizações.