Uma redação de escola está emocionando a internet. João Vitor, de 11 anos, recebeu da professora uma tarefa: escrever como seria a vida do menino mais feliz do mundo. Poderia ser qualquer trama, um personagem com superpoderes, mil aventuras. Mas, no texto de João Vitor, o menino mais feliz do mundo era ele mesmo. E a razão não poderia ter me deixado mais à flor da pele: depois de um ano e meio vivendo em um orfanato, em São Paulo, João Vitor agora tinha uma família, havia sido adotado por um casal homossexual e festejava isso nas singelas e verdadeiras palavras que reproduzo a seguir: 

“Uma vez eu morava só com meu pai, e um dia ele morreu e ninguém me quis, daí eu fui morar num orfanato. Passou muito tempo eu conheci dois pais homem que gostaram de mim eles me adotaram e partir desse dia eu me fiquei muito feliz. Eu amo muito esse dia esse dia nesse dia que conheci eles estou vivendo muito bem, muito feliz com eles, eles me amam e eu amo eles. Nós brincamos nos divertimos, sentimos dor e choramos juntos, e nós três somos felizes e amamos uns aos outros. Eu ser adotado eu não tenho vergonha e amo muito eles e minha outra família que eu tinha não me amava e eu era triste, mas essa família eu sinto que me ama e eu vou dar muito valor a ela, porque eu amo muito ela. O menino mais feliz do mundo chama João sou eu. De João para meus dois pais homem que eu amo muito."

Fernando Luiz, um dos pais da criança, compartilhou a redação acima no Facebook e recebeu mais de 37 mil curtidas e 10 mil compartilhamentos. Ele conta que soube do texto junto com o companheiro, Marcelo Pereira, após João perguntar “se a lição tinha ficado boa”. “Caímos no choro, desabamos quando João leu em voz alta”, diz.

Marcelo e Fernando tinham receio de que João não aceitasse ter dois pais. Mas a reação da criança os surpreendeu. “Vimos que o preconceito era nosso. Ele foi muito receptivo. A psicóloga tinha explicado para ele que existem várias configurações de família: com um pai só, com uma mãe só, com dois pais, duas mães... E ele aceitou na hora”, relata Marcelo.

No orfanato, no entanto, João enfrentou preconceito durante o processo de adoção. “As crianças ficavam tirando sarro, perguntando quem era a mãe. Ele respondia que ia ter dois pais homens e que o que realmente importava era que iam cuidar dele”, diz Marcelo. “Ele faz questão de contar para todo mundo que tem dois pais.”

O mais emocionante agora é que essa aventura narrada por João Vitor vai ganhar novos capítulos: o casal quer dar três irmãos a João e já iniciou o processo de adoção deles. O menino está encantado, porque “sempre quis ter um irmão por perto”.

Com informações do www.g1.globo.com