A decisão de não ter filhos parece chocar um total de zero pessoas quando vinda de um homem, mas a coisa muda de figura quando a escolha é feita por uma mulher. Não demoram a aparecer pessoas com a certeza de que uma mulher só é completa se for mãe e os questionamentos que surgem não são poucos.
Você está com que idade?
Você é casada?
Por que você não quer ter filhos?
Enquanto a maioria das mães nunca teve que responder por que quis ter filhos, as mulheres que decidem não engravidar têm de explicar seu posicionamento o tempo todo - muitas vezes para pessoas com as quais não têm nenhuma intimidade.
É sobre o conflito de não parir, sobre o estigma de egoísta que recai sobre a mulher que toma essa decisão e sobre a solidão de uma mulher que se vê fora das narrativas de criação de filhos dos amigos e da família que fala o livro Maternidade, da canadense Sheila Heti (o lançamento da história no Brasil acontecerá durante a Flip, em julho).
A história é a de uma autora que resolve escrever um livro como desculpa para adiar a decisão de ter filhos (talvez até um ponto em que a biologia resolva a questão por ela). Narrado em primeira pessoa, o enredo é super intimista e reflexivo. A personagem navega por questões como responsabilidade, individualidade, arrependimento e sacrifício.
É um livro imperdível mesmo para quem sempre sonhou em ter filhos ou para quem já os tem. Falar sobre o assunto é uma maneira de tirar as mulheres que não querem ser mães de um lugar de invisibilidade ou passível de julgamentos. Afinal, todo mundo é livre para escolher como viver, né?