"A brincadeira se faz com a vida, não com produtos comprados."

A frase impactante é do pesquisador da cultura da infância Gandhy Piorski, ouvido pelo portal Lunetas.

Desde 2003, o maranhense estuda o brinquedo e a brincadeira como valor fundamental da infância. Para ele, a imaginação é o que constrói a psique da criança. 

Quem é mãe ou pai conhece bem a habilidade que as crianças têm de imaginar e criar brincadeiras sozinha. Sem precisar de brinquedos ou estímulos eletrônicos. 

Então, é preciso incentivar esses momentos sem interferências externas para que os filhos desenvolvam uma série de habilidades que serão importantes ao longo da vida. Até o tédio (aquela sensação de que não tem nada para fazer) é um motor para a imaginação dos pequenos: 

"O excesso entedia, tira a autonomia da criança, 'desvitaliza' sua força imaginadora, 'empreguiça' seu auscultar minucioso das coisas mais ínfimas e instrutivas do viver. O nada é o fazer livre nos lugares de liberdade do corpo, de diversidade tátil, de geografia irregular, de arquitetura mais humana, de convívio comunitário, de experiências na natureza, de cidades mais acolhedoras".

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Segundo o pesquisador, se a imaginação não for estimulada na primeira infância, pode atrofiar e causar danos, como adultização precoce.

Os brinquedos prontos - aqueles que se mexem e falam e resolvem tudo sem que a criança sequer interaja - evitam, muitas vezes, o uso do “inventar”, prejudicando o desenvolvimento da imaginação. 

Claro que os adultos têm participação ativa ao criar um ambiente saudável ou cheio de excessos para a criança. Aos pais, o pesquisador deixa um recado:

"Mudar o curso de nossas vidas para criar condições melhores para nossos filhos é nossa tarefa. Modos de trabalho, concepções sobre o tempo, entendimentos sobre o que realmente é aprendizado, senso de vida comunitária, e tantas outras revisões são necessárias para encontrarmos o ambiente propício para que a criança seja ela mesma".

Ghandy é autor do livro “Brinquedos do Chão”, que foi publicado em 2016. Nele, o especialista destaca e defende a livre imaginação.