Você sabia que algumas doenças modernas como depressão e ansiedade são cada vez mais comuns na infância e, pior, podem estar relacionadas ao pouco tempo destinado ao livre brincar? A conclusão é do psicólogo americano Peter Gray. Conforme o pesquisador, o índice de depressão é 7 a 10 vezes maior do que na década de 1960, quando a infância era muito menos monitorada. Os transtornos de ansiedade, por sua vez, estão 8 vezes mais presentes na vida dos pequenos em comparação ao mesmo período, e as taxas de suicídio em crianças até 15 anos, segundo Gray, quadruplicaram nessas décadas.

“O brincar é o jeito da natureza de garantir que as crianças pratiquem as habilidades necessárias para a vida”, explica Gray, ressaltando que a psicologia evolutiva já conseguiu comprovar que as crianças são biologicamente desenhadas para brincar.

“Em nome da educação estamos tragicamente tirando das crianças o direito de aprender”, afirma o pesquisador.

Para o pesquisador, autor do livro Free to Learn (ainda sem tradução no Brasil), o brincar livre das crianças permite o exercício da imaginação, capacidade que coordena todas as outras habilidades relacionadas ao pensar. “O desenvolvimento integral, considerando o desenvolvimento intelectual, emocional, social e cultural das crianças, está direta e intrinsecamente relacionado à possibilidade delas brincarem livremente”, explica.

Segundo o professor, entre as principais razões para a diminuição do brincar livre das crianças estão a cultura do medo, com a proliferação constante de notícias sobre violência, abusos e perigos da sociedade, o peso desproporcional dado à escolarização, com excesso de lições de casa e diminuição dos tempos de intervalo não supervisionados, e a supervalorização da participação adulta no desenvolvimento das crianças.

Não sei vocês, mas sem as brincadeiras o mundo é muito triste, o que apenas reforça o que o pesquisador alerta aqui. E aí? Bora brincar já?