Recentemente, falamos aqui no Primi Stili sobre pais que enxergam a paternidade de uma maneira mais igualitária. É inegável que esse fenômeno, que vem acontecendo com mais força na última década, tem a ver com movimentos feministas, que pregam a igualdade entre os gêneros. Esse equilíbrio está em questões políticas, econômicas e sociais enormes e muito complexas, sim, mas também tem impacto (e origem!) no dia a dia das famílias.
Quando Thiago Queiroz escreve um livro sobre paternidade e afeto ou quando Tiago Prudente coloca para rodar a internet um texto que fala da sua experiência com a divisão de responsabilidade mental na criação do filho (entrevista imperdível com ele aqui!), o que se vê são iniciativas que aproximam o pai dos filhos por um viés que passa pela reinvenção da sua própria masculinidade.
Lá está um masculino sensível, que dá carinho, dá atenção, chora junto, preocupa-se com a roupinha que não vai mais servir no inverno que vem e sai às compras, conversa sobre sentimentos, dá conselhos, abre o coração. Um pai que resolve problema da escola e briga entre irmãos com palavras, espaço e empatia, e não com autoridade e hierarquia.
Ritxar Bacete é um antropólogo que entende essa reinvenção do masculino como intimamente ligada ao feminismo e, também, à aproximação com ideias de igualdade que o fato de ter filhos pode trazer para a vida de um homem.
Por isso, a nossa dica de leitura de hoje é dele: Nuevos hombres buenos: la masculinidad en la era del feminismo. Nesse livro, ele propõe reflexões muito bacanas, como: “O que acontece? Acontece que os homens não estão interessados na igualdade. Por mais agradável que seja, preferem ter vantagens, principalmente, mais tempo que as mulheres”.
E a ideia de que ter um bebê pode ser o gatilho para entender que abrir mão de privilégios talvez seja o necessário para uma vida mais tranquila não fica só no texto de Bacete, não. Para Thiago Queiroz, a paternidade também foi transformadora nesse sentido: “Foi através da paternidade que eu consegui desconstruir muito do meu machismo, do meu racismo, da minha homofobia, e ser um cara muito mais empático, que consegue se comunicar de uma maneira não-violenta”.
Ficam aqui, então, a dica de leitura e o convite a pensarmos sobre essa nova masculinidade e esse jeitinho de ser pai.