Criança tem que ser criança. Isso quer dizer que ela tem o direito de brincar, aprender, receber carinho e amor, criar amizades e se divertir muito. Não é difícil ver situações em que um filho pequeno acaba assumindo, por diversas razões, uma responsabilidade que seria de um adulto. Tal função não deveria aparecer tão cedo pois não condiz com a idade, por mais madura ou avançada que a criança seja. A infância não precisa ser acelerada.

É muito comum ver que essa rapidez no crescimento e na mudança de papéis na vida da criança acaba acontecendo por pura boa intenção dos pais. Pois é! Hoje em dia, uma das principais preocupações familiares na criação de um filho é pensar sempre no futuro dele. 

A busca por um ensino de qualidade, por mais conhecimento, pela descoberta de possíveis talentos que podem se transformar numa profissão, tudo isso acaba levando os adultos a sobrecarregarem as crianças. 

Uma rotina que seria tranquilamente baseada em escola e brincadeiras, acaba se tornando uma correria com aula de idioma, de reforço, natação, música, dança, futebol, informática… É informação que não acaba mais. Nesse investimento bem intencionado dos pais, a criança acaba se tornando um mini adulto e aproveitando muito menos a infância como realmente deveria. 

Outro fator que costuma levar ao que chamamos de adultização acontece na hora de se arrumar. Imitar os adultos ou até personagens é um ato de admiração das crianças. E isso pode ser feito num tom de brincadeira, claro, mas não deve transformar o guarda-roupa. Seu filho precisa entender que tudo tem seu tempo e talvez ainda não seja o momento de sair andando por aí de gravata ou salto alto. 

O processo de aprender a se vestir sozinho e começar a escolher as peças em que se sente bem deve ser apoiado e ensinado pelos pais. Porém, alguns limites podem ser colocados. O armário infantil tem que levar em conta o conforto, para que o lazer não seja atrapalhado por alguma roupa incômoda ou adulta demais. 

A verdade é que a diversão tem que ser prioridade no crescimento. A própria ciência já comprovou isso! Nos primeiros anos de vida, correr, pular, criar, sonhar e brincar trazem benefícios no desenvolvimento social, cognitivo e emocional. 

“O desenvolvimento acontece através do lúdico, ela (criança) precisa brincar para crescer. É brincando que ela se satisfaz, realiza seus desejos e explora o mundo à sua volta”, afirmou Deborah Moss, neuropsicóloga e mestre em desenvolvimento infantil, à Revista Pais&Filhos. Esteja presente e incentive as brincadeiras durante a infância, seu filho vai aprender mais do que imagina e, na hora ideal, ele pode começar a assumir as responsabilidades de adulto.


Por Giulia Freitas, filha de Eliane e Paulo

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