Dizem que ser avó é ser mãe com açúcar. Que ser avô é se tornar pai duas vezes - e com diversão em dose dupla. Não importa a definição desse amor tão especial, o que todo mundo sabe (e estudos já comprovaram) é que os avós são essenciais para a vida das crianças.
Quem discorda? Casa de vô e de vó é território de alegria, de brincadeiras diferentes, tem lá uma certa magia para as crianças. Nesse Dia dos Avós, Primi Stili convidou o publicitário Roberto Callage para escrever sobre a relação com os netos. Ele é avô da Lalá e da Lili: "Minha vida agora é pura fantasia", diz.
Vem ver:
O bobo Bobô
Enquanto escrevo esse texto, minha cabeça voa em outros mundos.
Minha netas Lalá e Lili chegaram de São Paulo,
e a minha vida agora é pura fantasia.
Se eu perder o foco e começar a delirar, me perdoem.
É difícil ter um pé na realidade e outro na magia desse encontro.
Minhas netas chegaram.
Agora, perdi o calendário, esqueci os dias, foram-se as horas, adeus compromissos.
E preciso criar as novas pistas da Caça ao Tesouro Bobô 3.
Como assim Bobô? Explico.
Desde sempre, minhas netas me chamam de Bobô
e eu adoro essa exclusividade, com todo o respeito aos vovôs que são vovôs.
E aqui, a Bebel, é a Bebé.
E assim ficou, Bobô e Bebé.
Mas, como eu ia dizendo e ia pensando ao mesmo tempo,
preciso também imaginar as regras do futebol de velhinhos, palavras para o jogo das três palavras,
arrumar os fantoches, ver os pincéis, as tintas e, principalmente, tesouras,
para recortar cada pedacinho desse tempo e guardar.
E inventar, inventar, inventar.
Tudo que cabe nesse espaço não se mede, nem se conta assim, em palavras.
Avôs e netos vivem fora do ar.
Aonde? Não conto. É segredo.
Não é uma caixa, com quatro lados.
Não é uma casa, com portas e janelas.
Não é nesse planeta, com densidade, gravidade, atmosfera.
Mas é um pequeno refúgio, que pode estar e não estar em todos os lugares.
É onde a gente se esconde das horas, dos pais, das regras, das normas, da lógica, da pressa
e brinca e brinca e brinca.
Bastam alguns sinais e a gente escapa e cria mundos,
personagens, histórias, fantasias, receitas, brinquedos e até novas palavras.
Avós e netos se conhecem no olhar.
E aos poucos, com gestos estranhos e vozes
ainda indecifráveis, nos apresentamos ao mundo.
Primeiro foi a Lalá.
Depois a Lili.
E tem o Tintin, que vem aí.
E, depois do primeiro olhar, o tempo vai revelando um amor enorme, intenso.
Um amor que não se conhecia.
Um amor que não se divide, que é único por cada um,
que é um universo inteiro.
Um amor que não se compara.
Um amor só pra quem sabe o amor, amar.